domingo, 21 de janeiro de 2018

3° Domingo do tempo Comum Ano B – Já não há mais tempo, convertei-vos!

A liturgia deste domingo é um convite ao seguimento de Jesus. “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e credes no Evangelho” (Mc 1, 15). A conversão não é mero gesto externo. É uma mudança no modo de pensar e de perceber o mundo e as pessoas que estão em torno de nós. Conversão é um movimento de recomeço, retorno para tomar a direção certa.

Jesus conclama-nos à conversão, pois o Reino está aí! Aí aonde? No coração de cada homem e mulher. O Reino de Deus não é um lugar! Não tem fronteiras estabelecidas em um mapa. O Reino não tem fronteiras porque une os corações de todos quantos creem e desejam fazer a vontade do Pai.

Na primeira leitura o profeta Jonas também conclama à conversão. O Senhor lhe pede para realizar o seu ministério em terra estrangeira, fala aos ninivitas. Os ninivitas eram pagãos, não eram judeus, não eram o povo eleito do Senhor. Há um sentido profundo na missão de Jonas, o desejo de Deus de que todos os povos escutem sua palavra e abracem a justiça vivendo a santidade.

O anúncio de Jonas alertava o povo para a sua destruição: “Ainda quarenta dias, e Nínive será destruída” (Jn 3,4). Quarenta dias nos remete à quaresma, tempo litúrgico para nos prepararmos para a Páscoa do Senhor. A quaresma como é sabido inicia-se na quarta-feira de cinzas. Nesse dia o sacerdote impõe sobre si e sobre todo o povo de Deus as cinzas gesto que recorda a atitude dos ninivitas depois de escutar a pregação do profeta. Colocar impor as cinzas é recordar a nossa condição humana “do pó viestes e ao pó voltarás”. Quaresma que se aproxima a cada semana de nós e será uma oportunidade de aprofundar a intimidade com Deus vivendo a oração, o jejum e a esmola.

Desse modo, a conversão é um voltar-se para si, olhar para dentro de nós para que possamos perceber o que em nós ainda não é Igreja. O que em nós é tomado pelas nossas imperfeições. Tomamos com frequência a conversão de São Paulo como modelo de conversão instantânea, mas penso que Santo Agostinho nos oferece um modelo mais aproximado para nós. O bispo de Hipona precisou de quase toda a sua vida para encontrar o Senhor e finalmente exclamar: “Tarde te amei ó beleza! Tão antiga e tão nova, tarde te amei!” O que nos recorda também o ensinamento de São João Paulo II sobre a santidade: “Santo não é aquele que nunca cai, mas é aquele que cai e se levanta sempre”, porque a conversão é um processo lento e muitas vezes doloroso de renúncia, de abnegação. A conversão exige de nós como atesta o apóstolo na segunda leitura que vivamos como se não vivêssemos.

Aprender a desfrutar e a viver conscientes de que tudo nesta vida é transitório. “Tudo passa, só Deus permanece” escreveu Santa Teresa de Jesus.
O tempo de Deus, o seu kairós, o seu momento oportuno para nos salvar é agora, convertei-vos!
É Clarice Lispector quem nos adverte: “só o que está morto não muda”.


Brener Alexandre 21/01/2018

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Maria, auxiliadora dos cristãos: Como surgiu a devoção à Nossa Senhora Auxiliadora



Ao longo da história da nossa Igreja a Mãe de Deus foi e continua a ser venerada sob diversos títulos. E a história de cada título de Nossa Senhora enriquece as virtudes da mãe de Jesus e engrandece a glória de nosso Deus. Quero partilhar a história do título “auxiliadora” dado a virgem Maria, para que conhecendo um pouco mais a história da veneração da Mãe Deus possamos amá-la com amor ainda maior e glorificar a Deus e ao seu Filho Jesus que nos confiou a sua mãe a Igreja na cruz (Jo 19,27).

A invocação de Nossa Senhora Auxiliadora tem suas origens em 1571. Naquela época o império Otomano que já havia se expandido ao longo do mar mediterrâneo desejava invadir a Europa. Temendo a incursão dos mulçumanos contra a Europa cristã o papa Pio V  invocou o auxílio de Nossa Senhora, obtendo êxito em segurar o avanço islâmico o Santo Padre com profunda gratidão acrescentou a Nossa Senhora o título de “auxiliadora dos cristãos” às ladainhas loretanas. Porém, quem instituiu a festa de Nossa Senhora Auxiliadora foi o papa Pio VII em 1816.

O imperador Napoleão I, no séc XIX, foi excomungado pelo papa Pio VII por ameaçar invadir os estados pontifícios. O imperador francês sequestrou o papa que ficou preso por cinco anos. O Santo Padre recorreu a intercessão da Virgem Santíssima prometendo coroar solenemente a imagem de Nossa Senhora de Savona tão logo ficasse livre do cativeiro. A pressão popular levou Napoleão a libertar o papa que voltou a Savona e cumpriu sua promessa. No dia 24 de Maio foi instituída a festa de Nossa Senhora Auxiliadora, a data fixada é a mesma do retorno triunfal do papa à Roma.

A devoção à Nossa Senhora Auxiliadora é difundida no mundo inteiro pela família salesiana, congregação religiosa fundada por Dom Bosco. São João Bosco exercia especial devoção pela auxiliadora dos cristãos pedindo sua intercessão para defender a obra salesiana frente as dificuldades políticas de seu tempo. Dom Bosco com a ajuda de Santa Domingas Mazzarello fundou as filhas de Maria Auxiliadora para que a nova congregação fosse um monumento vivo de gratidão a Mãe de Deus. Em 1862 as aparições de Maria Auxiliadora na cidade de Spoleto marcaram o despertar da devoção mariana na piedade popular italiana. Nesse mesmo ano Dom Bosco iniciou a construção, em Turim, de um santuário, que foi dedicado a Nossa Senhora, auxílio dos cristãos.

Dom Bosco tinha especial devoção pela Virgem Santíssima, devoção ensinada a ele ainda criança por sua mãe. O santo ensinou a família salesiana a invocar Nossa Senhora sob o título de Auxiliadora, devoção esta que ganhou muita força com a ajuda de Dom Bosco. O amor de São João Bosco pela Virgem Auxiliadora era tão conhecido que com este título ela era conhecida como a “Virgem de Dom Bosco”. Dizia Dom Bosco: “A festa de Maria Auxiliadora deve ser o prelúdio da festa eterna que deveremos celebrar todos juntos um dia no Paraíso”.

Oração a Nossa Senhora Auxiliadora, Protetora do Lar
Santíssima Virgem Maria a quem Deus constituiu Auxiliadora dos Cristãos,
nós vos escolhemos como Senhora e Protetora desta casa.
Dignai-vos mostrar aqui Vosso auxílio poderoso.
Preservai esta casa de todo perigo: do incêndio, da inundação, do raio, das tempestades,
dos ladrões, dos malfeitores, da guerra e de todas as outras calamidades que conheceis.
Abençoai, protegei, defendei, guardai como coisa vossa as pessoas que vivem nesta casa.
Sobretudo concedei-lhes a graça mais importante,
a de viverem sempre na amizade de Deus, evitando o pecado.
Dai-lhes a fé que tivestes na Palavra de Deus, e o amor que nutristes para com Vosso Filho Jesus
e para com todos aqueles pelos quais Ele morreu na cruz.
Maria, Auxílio dos Cristãos, rogai por todos que moram nesta casa que Vos foi consagrada.
Amém.

domingo, 14 de maio de 2017

História de uma comunidade: Nossa Senhora Auxiliadora do Campo Alegre

História de uma comunidade: Nossa Senhora Auxiliadora do Campo Alegre
Por Brener Alexandre[1]

O nosso povo é um povo que conta histórias e estórias, a narrativa faz parte da constituição fundamental da nossa cultura. Para explicar a realidade, para ensinar e transmitir valores. Poderíamos ter começado com um “era uma vez”, com um “a muito tempo atrás”, mas eu gostaria de iniciar essa história com um início bastante famoso para nós cristãos católicos. Quero começar como se inicia as narrativas bíblicas, como começa o livro do Atos dos Apóstolos. Porque houve um dia em que Deus suscitou homens e mulheres de bem tocando-lhes o espírito para que formassem em sua vizinhança  uma assembleia reunida.

Naqueles dias, isto é, a 47 anos atrás (1970) Deus inspirou o seu povo e fez nascer no coração de homens e mulheres do bairro Campo Alegre o desejo de se reunir para celebrar o domingo do Senhor, agradecer e louvar a Deus por dar-lhes desejo ardente de servi-lo e de estar com Ele formando nova comunidade de fé.

Havia desde o princípio o lote remanescente do loteamento do nascente bairro Campo Alegre. Dona Luiza Barbosa, dona Iris (do Sr. Américo) e Sr. Raimundo (de dona Rosa) realizaram a limpeza do lote fazendo a capina. O Sr. Raimundo introduziu a cruz marcando o espaço sagrado. E num galpão improvisado o povo de Deus que habitava o conjunto do Campo Alegre se reunia para fazer suas orações em comunidade.

Padre Valdir, era àquela época o vigário paroquial e trouxe de Sabará duas imagens para que a nova comunidade escolhesse o seu padroeiro. Uma das imagens era a do Sagrado Coração de Jesus e a outra a de Maria Auxiliadora. Dona Luiza escolheu a imagem da Virgem Auxiliadora, confiando Maria Santíssima como patrona da comunidade. A Igreja crescia como comunidade de fé graças a Deus que presenteou o seu povo com homens e mulheres de boa vontade. Homens como os senhores Propécio, Raimundo, Américo, e mulheres como dona Iris, Luiza, Pompea, Ana Cunha, Terezinha Barbosa, Conceição Pimenta, Graça e muitas outras pessoas que até hoje contribuem para manutenção da vida comunitária na Igreja de Maria Auxiliadora.

O livro do Atos dos Apóstolos nunca foi concluído. A história das primeiras comunidades cristãs ficou aberta no tempo e nós continuamos a escrevê-la com as nossas vidas como seguidores do Caminho, da Verdade e da Vida. Também a história da comunidade Nossa Senhora Auxiliadora continua a ser escrita na memória e no coração dos membros da comunidade. Deus já chamou dona Luiza e tantos outros membros da comunidade para junto de si, mas chamou muitos outros também pelo nome a continuar o que eles começaram. Alguns como dona Pompea, dona Terezinha e senhor Raimundo que transmitiram aos seus filhos o cuidado para com a comunidade que seus pais começaram. “Tradição” palavra de origem latina que significa entregar, confiar, transmitir. A história da Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora do campo Alegre continua a ser contada na vida de cada um de seus membros dos mais velhos aos mais novos, por pais, mães, avós, filhos, netos. Contada por Antônio, Jorge e Rosely, por Rogéria, Rosana e Edite. Por Nelson, Carlos e Vanessa, Laura, Victor, Sara, Luisa e Anésia. E por todos que embelezam com a sua fé, esperança e caridade alegrando o coração de Deus com sua presença em cada celebração da nossa fé, nas missas, nas pastorais e movimentos que formam de forma visível o corpo invisível do Cristo ressuscitado.



[1] Paroquiano da Paróquia Cristo Operário e membro da comunidade Nossa Senhora Auxiliadora. Texto originalmente publicado no jornal da paróquia Cristo Operário edição de maio/2017

domingo, 23 de abril de 2017

Aos Jovens crismandos

O dia de hoje é muito importante para a Igreja, porque ao receber o sacramento do Crisma no final da tarde de hoje vocês selarão uma belíssima aliança de amor que começou lá no batismo. Quando seus pais e padrinhos assumiram por vocês a fé que queriam lhes transmitir.

Também eu estou muito feliz com vocês e por vocês, porque depois de tudo o que foi feito ao longo deste tempo de preparação, acredito que vocês tenham entendido que o sacramento é uma forma visível deixada por Deus para nos mostrar que ele quer fazer parte da nossa vida.

Queridos jovens, não tenham medo de ser Igreja, de manifestá-la ao mundo por meio da vida de vocês. Façam a diferença na vida das pessoas com as quais vocês se encontrarão nos caminhos da vida! A vida é cheia de encontros e desencontros, de amores e dissabores, mas coragem! Jesus venceu o mundo e nós também venceremos com Ele!

A partir de hoje somos mais do que nunca irmãos, unidos pelos sacramentos da iniciação cristã. A propedêutica da fé termina aqui, mas a caminhada continua e com ela o aprendizado,  no serviço e na vida comunitária, legado dos nossos pais e daqueles que deram sua vida imitando Cristo para que também nós possamos passar adiante a fé que recebemos.

Lembrem-se do que vos ensinei nos últimos dias em que estivemos juntos. Abram seus olhos para o mistério de Deus busquem a luz e sejam luz na vida uns dos outros. Saiam do Sepulcro para a vida nova e não olhem para trás. Tenham coragem, insisto! É preciso ser corajoso quando o mar é arredio e quando tudo parece ruir diante dos nossos olhos. Mas, se abrirem os olhos e se vocês acreditarem que o Senhor pode abrir os seus olhos, vocês irão descobrir a verdadeira beleza deste mundo e nenhuma escuridão os assustará e tampouco os tirará do caminho que escolheram seguir a partir de agora.

Deixo vos o meu abraço fraterno, a minha benção e o meu mais profundo desejo de que vocês sejam verdadeiramente felizes, não com essa felicidade efêmera que o mundo promete, mas a felicidade que dura mesmo quando a lágrima cai e quando não há sorriso, porque  nos encontramos em paz conosco mesmo e conscientes das nossas limitações aspiramos sempre crescer e oferecer o nosso melhor a todos. Espero que nos encontremos nos caminhos da vida para que eu possa ver a luz de Cristo brilhar em vocês!
Deus os abençoe e que a Paz do Senhor esteja sempre com todos vocês!


Brener Alexandre 23/04/2017

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Manhã de Natal

Manhã silenciosa especial.
Manhã silenciosa de natal.
O sol da justiça se levantou.
Nasceu para nós o salvador.

Manhã que sucede a noite escura.
O dia amanhece com candura.
A luz do mundo emitiu seu primeiro brilho.
Nasceu para nós um menino.

Manhã que transborda de alegria.
Manhã que tem o sorriso de Maria.
Foi do ventre de Maria que veio a verdadeira luz.
Ela concebeu o menino Jesus.


Brener Alexandre 25/12/2015

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Enfeite de Natal

Outro dia eu estava acessando as redes sociais e vi uma imagem com uma frase que dizia: “Não precisa encher sua casa de pisca-pisca, quem nasceu nesse dia foi Jesus Cristo, não Thomas Edison”. Apesar de achar a frase engraçada (sobre certo sentido) ela revela ao menos duas coisas: Primeiro, que os adornos de natal no mais das vezes parecem bastar a si mesmos para fazer o natal. E segundo, que as pessoas de modo geral interpretam alguns excessos de forma muito negativa (pautada pelo primeiro item).  Não vou entrar no mérito de explicar o que significa cada item usado na decoração de natal, o objetivo do meu texto não é esse. Quero falar de algo mais sério e que tem chamado a minha atenção como cristão há algum tempo, quero falar do que nos justifica como cristãos, vale dizer, do que  faz com que sejamos reconhecidos como bons cristãos e, para isso vou dissertar sobre a prática natalina de enfeitar a casa e sinalizar o que esse gesto deve significar de fato para os cristãos.

A luz certamente é um eufemismo para cristianismo, digo isso porque tanto os evangelhos, como as cartas apostólicas e todo o magistério da Igreja emprega “Luz” como o sinal da presença de Deus e como missão fundamental do povo de Deus. A luz é um símbolo e um sinal tão presente na vida cristã que sempre há uma vela acesa nas celebrações e em festas solenes (como a benção do fogo novo no sábado santo), no cristianismo luz e fogo estão em perfeita harmonia. Entretanto, a vida moderna nos brindou com a invenção da lâmpada elétrica e hoje podemos enfeitar nossas casas com várias luzinhas multicoloridas, o famoso pisca-pisca, de todos os tipos e de várias cores o pisca embeleza as janelas, árvores de natal e presépio na casa de muitos cristãos. O pisca imita o brilho das estrelas, o brilho da estrela, sim, daquela estrela que guiou os magos como conta a tradição. Quando colocamos o pisca na janela, no presépio, ou no pinheiro de natal é como se desejássemos externalizar a luz de Cristo que brilha em nós, quando ligar o pisca-pisca lembre-se daquela noite escura, o céu estrelado, a noite em que o menino-Deus veio ao mundo.
Quando ligá-lo imagine o coro dos anjos cantando diante dos pastores espantados com o milagre que estava acontecendo ali bem diante de seus olhos.  A luz do pisca-pisca é a luz do Cristo que você deve buscar refletir para os teus irmãos.

O presépio esconde um mistério. E que mistério esconde o presépio? Como vocês já sabem, presumo, o presépio é uma devoção franciscana ao mistério da Encarnação do Senhor. São Francisco de Assis captou por meio do seu modo de vida despojado e pobre, em sua humildade, aquilo que o nascimento de Jesus também comporta de mais extraordinário. O presépio é a imagem do despojamento, da simplicidade Daquele que é o mais importante e o centro de tudo (o alfa e o ômega como está escrito no Apocalipse). O presépio manifesta na humildade a grandeza de Deus. Um Deus peregrino que o evangelista João disse que “se fez carne e armou sua tenda entre nós” (Jo 1,14). Embora as traduções brasileiras substituam “armar sua tenda” por “habitar” (no sentido de fazer morada), a ênfase que o escritor sagrado quer dar é a condição passageira em que se encontra o filho de Deus, “O sol que vem do alto nos visitar” como canta Zacarias no evangelho de Lucas (Cf. Lc 1,78-79). O judeus também armaram tendas enquanto viviam no deserto guiados para Canaã, a terra prometida ( há até uma festa importante para lembrar esse fato, a festa das tendas ou da dedicação Cf. Jo 7,2) e, por isso, Deus sempre lembra o povo de que “Vocês foram peregrinos no deserto e escravos no Egito (Cf. Dt 5,15 e Ef 2,19).

Em uma missa do advento ao ouvir o padre refletindo sobre o evangelho daquele dia me veio a mente que o nascimento de Jesus é a sua primeira kenosis, o seu primeiro esvaziamento de si. E o presépio nos transporta esse mistério e nos comunica em sua simplicidade um convite a abnegação e a renuncia de si. O presépio é um convite ao esvaziamento. Que nós possamos nos esvaziar em Cristo realizando no dia-a-dia a nossa kenosis e levando na simplicidade dos nossos gestos o menino-Deus que nasce em nós quando nos entregamos ao seu mistério de amor.
Assim, como o ostensório é belo e adornado por que é guardião de Jesus eucarístico, a nossa casa deve ser transformada em um grande ostensório e ostentar com a consciência cristã que nos interpela a luz e a simplicidade de Jesus menino cuja memória do nascimento celebramos todos os anos.
Ostentamos, portanto, o próprio Deus, é ele que desejos comunicar aos outros quando iluminamos nossas janelas com inúmeros pisca-piscas transformando-a no belo céu da noite do nascimento do Senhor.  Ostentamos a grandeza de Deus quando ao montar o presépio tomamos o cuidado de embelezá-lo de forma que a humildade obscureça a vaidade.
A luz é eufemismo para cristianismo e a simplicidade é a sua realidade mais bela.


Brener Alexandre 21/12/2015

sábado, 7 de novembro de 2015

Carta de um Catequista a seus crismandos

O que um catequista ainda teria a dizer a seus crismandos depois de toda jornada de formação na fé que chamamos de “iniciação cristã”? O que talvez um catequista ainda possa dizer é que vocês são o futuro do qual ainda sou o presente e, de certo me tornarei o passado. São, com efeito, o futuro porque sendo jovens são aqueles que têm a comunidade de fé como uma herança em Cristo. São o futuro porque são a continuidade de uma longa tradição que se iniciou com Jesus e seus apóstolos e que não pode morrer com seus pais, mas deve continuar em aberto em vocês e em seus filhos como o livro do Atos dos Apóstolos que até o presente momento é escrito com os nossos atos e vida. Vocês são o futuro porque agora são chamados a assumir os seus lugares em sua comunidade de fé.
Do mesmo modo que o calendário litúrgico tem um começo e um fim, mas um fim que sempre se renova em um novo começo, vocês são agora o novo começo de um novo ano litúrgico que começa para a nossa Igreja e para a nossa comunidade.

Meus irmãos, o caminho da fé é longo e nem sempre é fácil. É um caminho estreito, mas que não foi feito para ser caminhado sozinho. Lembrem-se que Jesus mandou dois em dois discípulos (Lc 10,1). Lembrem-se também que a vida cristã é uma vida de serviço aos irmãos por meio do amor e da gratuidade do gesto de servir.

A vocês confio na esperança sempre renovada pelo mistério da ressureição que cuidarão da nossa comunidade como eu também me esforcei em cuidar, que não se contentarão em apenas lavar os pés, mas que vão querer lavar o corpo inteiro (Jo 13,9). Abraçando a cruz de Cristo no exercício da autêntica fé cristã.
Não tenham medo, coragem! Jesus Venceu o mundo! (Jo 16,33). E vocês também hão de vencê-lo!

Toda a Igreja está em festa por causa de vocês, não apenas aqui, mas no céu também, pois novos santos nasceram na unção do crisma nesta manhã de domingo do Senhor.
A santidade é parte desse longo caminho que todos fazemos juntos e que termina como nos ensina Santo Agostinho nos braços amorosos do Pai.
Façamos juntos essa caminhada como uma comunidade com a maturidade que o Espírito Santo nos concede para que cheguemos todos unidos como verdadeiros irmãos em torno do Pai.

A Crisma chega ao seu termo, mas a caminhada está longe do fim. Na eucaristia vocês encontrarão o alimento que germinará a semente que foi plantada no coração de todos vocês a semente da fé, da esperança e da caridade.
Deus os abençoe pela intercessão de Nossa Senhora Auxiliadora e do Perpetuo socorro e do Cristo Operário na unidade do Espírito Santo.
Amém.


Brener Alexandre 07/11/15