quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Natal do Senhor: Do mistério da encarnação



Sabemos que o dia 25 de Dezembro é uma data simbólica e que não é a data histórica do nascimento de Jesus.
No entanto, o verdadeiro sentido do natal do Senhor não está na data em si, mas no significado que o nascimento de Jesus tem para nós, cristãos, tendo em mente as promessas de Deus feitas ao povo judeu.
Quando nos voltamos para os evangelhos, é possível, perceber como Matheus, Lucas e João abordam as circunstâncias do nascimento ou como traduzem o mistério da encarnação do Senhor.
Celebramos no natal o cumprimento de uma promessa; promessa feita ao povo escolhido e que pela misericórdia de Deus se estendeu a toda humanidade.
Quando celebramos o natal do Senhor estamos comemorando o desejo de Deus de ficar bem próximo de nós, como é dito na liturgia: “Vivendo conosco no Cristo e falando conosco por meio dele”. Com efeito, Jesus, que em hebraico significa Deus salva é também Emanuel: Deus conosco.
O mistério da encarnação consiste então, no desejo de Deus de salvar e de entrar em nossas vidas.
Como foi cantado por Zacarias: “Graças ao misericordioso coração de nosso Deus, pelo qual nos visita o astro nascente vindo do alto, para iluminar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, para guiar nossos passos no caminho da paz.” (Lc 1,78-79)

Jesus é a fonte de luz que ilumina toda criatura, a luz verdadeira (Jo 1,9) fonte da verdadeira vida.

O mistério da encarnação deve ser compreendido à luz do sentido mesmo do nascimento de Jesus, uma compreensão que nunca se esgota, por ser mistério, mas sempre se renova como o nascer do sol.
Meditar o mistério natalino é, portanto, compreender a grandeza de sentido que tem o nascimento de Jesus, “a palavra que se fez carne e que arma sua tenda entre nós” (Jo 1,14) Jesus é Deus que se faz peregrino como nós, quer revelar o verdadeiro sentido da vida se fazendo caminho para a nossa trajetória rumo a Jerusalém celeste, é a verdade que almeja ser comunicada a toda humanidade.
O Deus peregrino “luz da luz” armou sua tenda entre nós para revelar no seu rosto humano a sua face divina e santa para que sejamos santos como ele é santo e possamos gozar a verdadeira felicidade.

Feliz Natal!


quinta-feira, 13 de junho de 2013

Homenagem a Santo Antônio de Pádua ou Lisboa

Dia 13 de Junho a Igreja católica traz a memória litúrgica de Santo Antônio de Pádua ou Lisboa.
Nascido em 15 de Agosto de1195 e falecido em 13 de Junho de 1231 com apenas 36 anos de idade.

Minha homenagem ao santo franciscano será postar aqui o famoso responsório de Santo Antônio composto segundo a tradição por São Boaventura grande santo e filósofo e teológo que também floresceu junto a fraternidade de São Francisco de Assis. Postarei o texto latino e a tradução junto da "oração eficaz".
Deixarei também a bibliografia de uma trezena do santo para aqueles que desejam fazer a meditação da sua vida e assim imitar frade Antônio no seguindo do Senhor.

Segue o texto:

Si quaeris mirácula,
Mors, error calámitas,
Daemom lepra fugiunt,
Aegri surgunt sani.

Cedunt mare, víncula,
Membra resque pérditas
Petunt et accípiunt
Júvenes et cani.

Péreunt perícula,
Cessat et necéssitas,
Narrent hi qui séntiunt,
Dicant Paduáni.

Tradução:

Se milagres tu procuras
pede-os logo a Santo Antônio.
Fogem dele as desventuras,
erros, males e o demônio.

Torna manso o iroso mar,
Da prisão quebra as correntes,
Bens perdidos faz achar
E dá saúde aos doentes.

Aflições, perigos, cedem
Pela sua intercessão;
Dons recebe se lhos pedem
O mancebo e o ancião.

Em qualquer necessidade
Presta auxílios soberanos;
De sua alta caridade
Fale a voz dos paduanos.

Glória seja dada ao Pai.
Glória ao Filho, nosso bem,
Glória ao Espírito Santo
Pelos séculos.
Amém!

Oração eficaz:

Lembrai-vos, ó glorioso Santo Antônio, amigo do menino Jesus, filho querido de Maria Imaculada, de que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que tenha recorrido a vós e implorado a vossa proteção tenha sido por vós abandonado. Animado de igual confiança, venho a vós, ó fiel consolador dos aflitos, gemendo sob o peso dos meus pecados; e, embora pecador; ouso aparecer diante de vós. Não rejeiteis, pois, a minha súplica, vós que sois tão poderoso junto ao coração de Jesus, mas escutai-a favoravelmente e dignai-vos atendê-la.

Amém!

domingo, 31 de março de 2013

Catequese de São Paulo aos Coríntios 1Cor 15,1.12-19


"Lembro- vos, irmãos, o evangelho que vos anunciei, que recebestes, no qual permaneceis firmes, e pelo qual sois salvos, se o guardais como vo-lo anunciei; doutro modo, teríeis acreditado em vão. (1) Ora, se se proclama que Cristo Ressucitou dos mortos (literalmente "levantou-se dentre os mortos" o verbo que normalmete usado nos textos neo testamentário para ressureição é "Anastásis" que significa literalmente levantar, subir. A escatologia judaica nos remete o fato de que quando morremos descemos ao Sheol que seria a mansão dos mortos como nós proferimos no Credo, portanto ressucitar significa literalmente sair do sheol, isto é, subir da região dos mortos para a vida. Outro verbo correlato e sinônimo de anastásis é o verbo que significa levantar no sentido de despertar como quando acordamos do sono, pois no Sheol as almas dormem. por isso São Paulo se refere ao mortos como aqueles que adormeceram), como podem alguns dentre vós dizer que não há ressureição dos mortos? (12) Se não há ressureição dos mortos, também Cristo não ressucitou. (13) E, se Cristo não ressucitou, vazia é a nossa pregação, vazia também é a vossa fé.(14) Acontece mesmo que somos falsas testemunhas de Deus, pois atestamos contra Deus que ele ressucitou a Cristo, quando de fato não ressuscitou, se é que os mortos não ressuscitam. (15) Pois, se os mortos não ressucitam, também Cristo não ressuscitou.(16) E, se Cristo não ressuscitou, ilusória é a vossa fé; ainda estais em vossos pecados. (17) Por conseguinte, aqueles que adormeceram em Cristo, estão perdidos. (18) Se temos esperança em Cristo somente para esta vida, somos os mais dignos de compaixão de todos os homens. (19)” (São Paulo aos Coríntios durante o pentecostes. Cf. I Cor 15,1.12-19.
Feliz Páscoa a Todos que a alegria do Ressucitado seja a nossa Alegria que jamais nos esqueçamos do fundamento da nossa Fé!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A Tentação no deserto: o exercício espiritual do cristianismo primitivo para os dias atuais



No primeiro domingo da quaresma a Igreja nos convida a meditar a tentação de Jesus no deserto.
A tentação no deserto é a imagem escolhida pela Igreja para apresentar o ciclo quaresmal, porque assim como Jesus guiado pelo Espírito Santo permanece no deserto durante quarenta dias para então iniciar seu ministério profético anunciando a boa nova de Deus. A Igreja se recolhe penitente por quarenta dias para dignamente celebrar a páscoa.

Entretanto, o meu enfoque não é tanto sobre como a tentação no deserto pintado pelos evangelistas: Mateus, Marcos e Lucas se tornaram o ícone da quaresma para a Igreja.
E sim a lição catequética que estes escritores sagrados nos deixaram.
Uma lição que nos ensina antropologia teológica, isto é, nos revela a natureza humana aos olhos da fé e uma ética teológica porque nos educa a agir bem conforme a fé.
Estes são os pontos que quero analisar em cada tentação proposta pelo demônio no Evangelho de Lucas e cada resposta dada por Jesus analisando o que é ensinado a cada momento.

O texto da tentação no deserto se encontra em Lc 4, 1-13 e em linhas gerais Lucas nos conta que Jesus pleno do Espírito Santo é guiado para o deserto e que lá em jejum por quarenta dias ele é tentado pelo diabo.

Vamos observar duas coisas, primeiro o lugar, um deserto, eremós em grego, o lugar vazio, a metáfora da solidão do abandono de si a si mesmo. Segundo o diabo que enquanto personificação do mal é também a causa da ruptura com a fé. Entre o deserto e o diabo há a tentação o verbo substantivado pelo evangelista é peirázo que revela que a tentação é uma experimentação, no sentido de testar, por a prova alguma coisa ou alguém.

Do ponto de vista antropológico a tentação no deserto nos ensina que a natureza humana é sujeita a alguns tópicos fundamentais como: a satisfação de desejos, vaidade e exercício do poder sobre os outros e vaidade e a pretensão de se colocar no lugar de Deus.
E do ponto de vista ético a tentação no deserto no ensina que a excelência moral é reflexo do nosso aperfeiçoamento em contato com o sagrado, descobrindo seus mistérios e neles adentrando redescobrindo a nossa relação com o mundo, conosco mesmo e com Deus.

Segundo Lucas durante quarenta dias Jesus não comeu nada e teve fome (Lc 4,2) e então o diabo lhe disse: “Se és o filho de Deus, manda que esta pedra se transforme em pão.” (Lc 4,3)
Jesus que como professamos no símbolo dos apóstolos niceno-constantinopolitano: “é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, gerado não criado consubstancial ao Pai.”

Isto quer dizer que Jesus é Deus em tudo e também é Homem em tudo, experimentou a natureza humana e como diz São Paulo: “à nossa semelhança, ele foi provado em tudo, sem todavia pecar.” (Hb 4,15) ou seja, Jesus enquanto homem esteve sujeito a tudo o que o homem é sujeito, desejos físicos, raiva, tristeza e naquele momento com fome e com sede no deserto o diabo o põe a prova dizendo: “ você não é o filho de Deus? Então se você está com fome, transforme estas pedras em pão e se satisfaça!” Jesus é tentado a satisfazer suas vontades e colocar se a serviço de si mesmo, de se entregar as suas necessidades fundamentais, o ser humano tem fome e sede que transcende o comer e o beber.

A resposta de Jesus a proposta diabólica foi: “Está escrito: não só de pão vive o homem” (Lc 4,4)
A Resposta de Jesus não é só a resposta que o homem de fé dá para as adversidades por buscar na providência divina o consolo para suportar a tribulação que a fome ou a sede pode fazer qualquer um experimentar, mas é a resposta do homem de fé que conforma sua vontade a vontade de Deus, note-se que não é um conformar que anula a liberdade, mas uma adesão consciente de que a vida é mais que a satisfação de necessidades momentâneas.

O diabo não desiste e o leva para o alto de um monte e lhe mostra todos os reinos da terra cheios de poder e glória e os oferece a Jesus em troca de adoração (Lc 4, 5-7).
A idolatria sempre foi um problema para o povo de Deus e a idolatria nasce da necessidade humana de se autosatisfazer. O desejo por poder e glória é a falsa necessidade humana de alimentar a vaidade o culto ao diabo é um culto ao próprio homem. É isto que significa diabo, ruptura, cisão, divisão, confusão.
O símbolo, por outro lado, é aquilo que une. Veja quando citei acima símbolo da nossa fé, isto é, a profissão de fé que nos une enquanto católicos.

O diabólico, portanto, é o que nos separa de Deus. Por isso Jesus diz: “Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará o outro, ou dedicar-se-á a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e à riqueza.” (MT 6,24)
O evangelista ao falar da riqueza está falando do deus da riqueza “Mamôn”.
Jesus responde: “Está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus e só a ele prestarás culto” (Lc 4,8). A recusa de Jesus a oferta feita pelo diabo é o reconhecimento de que a verdadeira natureza humana só se realiza na perfeição de Deus seguindo o raciocínio de Santo Agostinho: “Fizeste-nos para ti e o nosso coração vive inquieto, enquanto não repousa em ti.” (AGOSTINHO, Confissões I, 1.)

Enquanto criado “a imagem e semelhança de Deus” (Gn 1,26) devemos refletir a bondade do Criador por meio da inteligência que é a marca da sua bondade.
A ação criadora de Deus é a manifestação concreta da sua bondade, e a nossa resposta a bondade de Deus é procurarmos ser tão bons quanto ele, o evangelista exorta: “sede perfeitos, assim como vosso Pai Celeste é perfeito.” (MT 5,48)
É possível notar que há um princípio ético em questão cujo fundamento está na concepção de ser humano presente na cultura judaico-cristã. Uma ética das virtudes que concebe o bem como resposta ao projeto salvifíco do nosso Criador.

Por fim a última tentação, tendo Jesus recusado as investidas do diabo, este (o diabo) o transporta para o alto do templo de Jerusalém e disse-lhe: “Se és o Filho de Deus, atira-te para baixo, porque está escrito: Ele dará ordem aos teus anjos a teu respeito, para que te guardem. E ainda: E eles te tomarão pelas mãos, para que não tropeces em nenhuma pedra.” (Lc4, 9-11)


Como eu dizia acima as tentações estão inter-relacionadas e revelam a natureza humana e a sua relação com o mundo e com o próprio Deus.
Nesta tentação o diabo tenta fazer com que Jesus coloque a providência divina e a ação de Deus à prova, mas como veremos é bem mais que esta primeira impressão pode nos causar.

Veja que a primeira tentação tenta fazer com que Jesus procure satisfazer sua fome a qualquer custo, a primeira tentação revela que o homem é um ser que deseja e que é dotado de vontade. E que a vontade do homem deve ser orientada pela inteligência, esta é reflexo da inteligência de Deus que deu ordem as leis da natureza.
E a resposta de Jesus é justamente a de que não é a vontade desorientada que garante existência e vida plena ao homem.

Na segunda tentação o diabo oferece poder e tenta despertar a ganância e vaidade de Jesus oferecendo os reinos do mundo todo se ele prestasse culto a ele.
Esta revela que o desejo desorientado pela inteligência gera pensamentos irracionais, ilusões, raciocínios equivocados sobre o modo de conceber a nossa vida.

A segunda tentação nos ensina que o verdadeiro poder vem do serviço ao outro.
E não da vaidade de controlar o mundo e as pessoas a minha volta.
A resposta de Jesus é a de que reconhecendo Deus como o único digno de culto reconhecemos que todos são filhos que se colocam à serviço para a construção de um mundo melhor compreendendo que cultuar a nossa vaidade e a nossa ambição alimenta a desigualdade  e oprime o povo de Deus.

A última tentação, a terceira. Quer por Deus à prova. E mais do que por Deus à prova, quer colocar Deus ao nosso serviço invertendo a nossa relação com ele.
Todos os discursos de teologia da prosperidade e da retribuição são formas de nos atirar do pináculo do templo esperando ser amparado por anjos.
Nesta tentação o diabo quer nos fazer pensar que Deus é quem deve nos servir e não o contrário, que ele deve se moldar à nossa vontade.
E a resposta de Jesus é magnífica: “Não tentarás o Senhor teu Deus” (Lc 4,12)

“Não tentarás o Senhor teu Deus” é a resposta genérica que a sagrada escritura nos dá querendo nos dizer que somos muito pequenos e às vezes muito pretensiosos para achar que Deus tem de satisfazer todos os nossos caprichos.
São Paulo nos lembra: “Ele, estando na forma de Deus não usou de seu direito de ser tratado como deus, mas se despojou, tomando a forma de escravo. Tornando-se semelhante aos homens e reconhecido em seu aspecto como um homem abaixou-se, tornando-se obediente até a morte, à morte sobre uma cruz.” (Fl 2, 6-8)

A passagem da Tentação no deserto nos apresenta algumas disposições inerentes à natureza humana que precisam ser educadas para que o exercício do bem e a prática da justiça sejam possíveis.
A meditação da tentação de Jesus no deserto é parte dos grandes exercícios espirituais do cristianismo desde o seu início.

Como já foi falado entre o deserto e o diabo, estando a sós, em um momento de retiro pessoal cara a cara com quem somos e o que somos enfrentamos as tentações isto é todas as vontades desorientadas que nos levam a ruptura com Deus.

A meditação das tentações a forma encontrada pelos  evangelistas para ensinar aos primeiros cristãos a educar a vontade e a fazer uso da inteligência, isto é, da razão para o exercício das virtudes cristãs.
É também o exercício místico com o qual o homem cristão tem a experiência do abandono em si mesmo para descobrir o outro e Deus como o outro maior.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Quaresma e Ano da Fé



Nesta quarta-feira, 13 de Fevereiro iniciamos a quaresma que dentro do grande círculo litúrgico da Igreja Católica marca os preparativos para a páscoa do Senhor.
No entanto o primeiro dia da quaresma, uma quarta-feira que não é uma quarta qualquer, mas uma quarta-feira de cinzas.
Marcado pela reflexão, penitência e oração a quarta-feira de cinzas é também o marco inicial da campanha da fraternidade promovido em todas as dioceses brasileiras encabeçada pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) com a qual voltaremos nossos olhos para a juventude em clima de preparação para a grande Jornada mundial da Juventude presidida pelo Santo Padre, o Papa.

Este ano, porém, não é um ano qualquer, mas um Ano da Fé! Aberto pelo Papa Bento em Outubro do ano passado aproveitando o aniversário de 50 anos do Concílio Vaticano II e os 20 anos do Catecismo da Igreja Católica promulgado pelo Beato Papa João Paulo II.
O que é então o Ano da Fé?
A proposta do nosso Sumo Pontífice, proposta a todos os cristãos é a de que o ano da fé seja um ano em que todos “avancem para águas mais profundas” (Lc 5,4), isto é, que todos mergulhem no mistério da nossa fé vivendo e celebrando a misericórdia de nosso Deus através da celebração Eucarística e de todas as atividades pastorais com as quais nos envolvemos em nossas comunidades eclesiais.
É por isso que o Santo Padre nos escreve com fervoroso zelo apostólico: “Desejamos que este Ano suscite, em cada crente, o anseio de confessar a fé plenamente e com renovada convicção, com confiança e esperança. Será uma ocasião propícia também para intensificar a celebração da fé na liturgia, particularmente na Eucaristia, que é ‘a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força’. Simultaneamente, esperamos que o testemunho de vida dos crentes cresça na sua credibilidade. Descobrir novamente os conteúdos da fé professada, celebrada, vivida e rezada e refletir sobre o próprio ato com que se crê é um compromisso que cada crente deve assumir, sobretudo neste Ano.” (Porta Fidei,9)
Assim como na quaresma somos convidados pelo profeta: “Rasgai os vossos corações” (Jl 2,13). O Santo Padre nos convida a redescobrir os conteúdos da fé professada e isto só é possível como ato sincero de conversão.

Uma coisa leva a outra. Com efeito, São Paulo Apóstolo é outro que nos convida a este mergulho no mistério da fé: “em nome de Cristo exercemos a função de embaixadores e por nosso intermédio é Deus mesmo que vos exorta. Em nome de Cristo suplicamo-vos: reconciliai-vos com Deus. Aquele que não conhecera o pecado, Deus o fez pecado por causa de nós, a fim de que, por ele, nos tornemos justiça de Deus.” (2Cor 5,20)
O Ano da Fé é também um pedido apostólico para que nos deixemos reconciliar, para que realmente façamos uma conversão, isto é, uma mudança radical em nossas vidas acolhendo assim a graça de sermos chamados filhos de Deus.

O profeta , o apóstolo e o Santo Padre apenas reforçam as palavras de Jesus narradas pelo evangelista Marcos e que ouvimos toda quarta-feira de cinzas quando as cinzas nos são impostas pelo sacerdote ou um de seus ministros: “Convertei-vos e credes no evangelho” (Mc 1,15)
O tempo do reino de Deus chegou e somos convidados a entrar nele através da “Porta da Fé”. A conversão é um ato reflexivo pessoal que emerge na vida comunitária, nos faz perceber que buscamos o melhor e que através da profissão falada e vivenciada da fé alcançaremos o melhor juntos, isto é a santidade, pois nosso Deus também é comunidade sendo três em um só e espera de todos os cristãos uma resposta de amor e justiça, por isso, rasguemos nossos corações e com alegria entremos no reino para participarmos da ceia do Senhor, pois somos Felizes por ter recebido de Deus o convite para cear com ele.