quarta-feira, 24 de maio de 2017

Maria, auxiliadora dos cristãos: Como surgiu a devoção à Nossa Senhora Auxiliadora



Ao longo da história da nossa Igreja a Mãe de Deus foi e continua a ser venerada sob diversos títulos. E a história de cada título de Nossa Senhora enriquece as virtudes da mãe de Jesus e engrandece a glória de nosso Deus. Quero partilhar a história do título “auxiliadora” dado a virgem Maria, para que conhecendo um pouco mais a história da veneração da Mãe Deus possamos amá-la com amor ainda maior e glorificar a Deus e ao seu Filho Jesus que nos confiou a sua mãe a Igreja na cruz (Jo 19,27).

A invocação de Nossa Senhora Auxiliadora tem suas origens em 1571. Naquela época o império Otomano que já havia se expandido ao longo do mar mediterrâneo desejava invadir a Europa. Temendo a incursão dos mulçumanos contra a Europa cristã o papa Pio V  invocou o auxílio de Nossa Senhora, obtendo êxito em segurar o avanço islâmico o Santo Padre com profunda gratidão acrescentou a Nossa Senhora o título de “auxiliadora dos cristãos” às ladainhas loretanas. Porém, quem instituiu a festa de Nossa Senhora Auxiliadora foi o papa Pio VII em 1816.

O imperador Napoleão I, no séc XIX, foi excomungado pelo papa Pio VII por ameaçar invadir os estados pontifícios. O imperador francês sequestrou o papa que ficou preso por cinco anos. O Santo Padre recorreu a intercessão da Virgem Santíssima prometendo coroar solenemente a imagem de Nossa Senhora de Savona tão logo ficasse livre do cativeiro. A pressão popular levou Napoleão a libertar o papa que voltou a Savona e cumpriu sua promessa. No dia 24 de Maio foi instituída a festa de Nossa Senhora Auxiliadora, a data fixada é a mesma do retorno triunfal do papa à Roma.

A devoção à Nossa Senhora Auxiliadora é difundida no mundo inteiro pela família salesiana, congregação religiosa fundada por Dom Bosco. São João Bosco exercia especial devoção pela auxiliadora dos cristãos pedindo sua intercessão para defender a obra salesiana frente as dificuldades políticas de seu tempo. Dom Bosco com a ajuda de Santa Domingas Mazzarello fundou as filhas de Maria Auxiliadora para que a nova congregação fosse um monumento vivo de gratidão a Mãe de Deus. Em 1862 as aparições de Maria Auxiliadora na cidade de Spoleto marcaram o despertar da devoção mariana na piedade popular italiana. Nesse mesmo ano Dom Bosco iniciou a construção, em Turim, de um santuário, que foi dedicado a Nossa Senhora, auxílio dos cristãos.

Dom Bosco tinha especial devoção pela Virgem Santíssima, devoção ensinada a ele ainda criança por sua mãe. O santo ensinou a família salesiana a invocar Nossa Senhora sob o título de Auxiliadora, devoção esta que ganhou muita força com a ajuda de Dom Bosco. O amor de São João Bosco pela Virgem Auxiliadora era tão conhecido que com este título ela era conhecida como a “Virgem de Dom Bosco”. Dizia Dom Bosco: “A festa de Maria Auxiliadora deve ser o prelúdio da festa eterna que deveremos celebrar todos juntos um dia no Paraíso”.

Oração a Nossa Senhora Auxiliadora, Protetora do Lar
Santíssima Virgem Maria a quem Deus constituiu Auxiliadora dos Cristãos,
nós vos escolhemos como Senhora e Protetora desta casa.
Dignai-vos mostrar aqui Vosso auxílio poderoso.
Preservai esta casa de todo perigo: do incêndio, da inundação, do raio, das tempestades,
dos ladrões, dos malfeitores, da guerra e de todas as outras calamidades que conheceis.
Abençoai, protegei, defendei, guardai como coisa vossa as pessoas que vivem nesta casa.
Sobretudo concedei-lhes a graça mais importante,
a de viverem sempre na amizade de Deus, evitando o pecado.
Dai-lhes a fé que tivestes na Palavra de Deus, e o amor que nutristes para com Vosso Filho Jesus
e para com todos aqueles pelos quais Ele morreu na cruz.
Maria, Auxílio dos Cristãos, rogai por todos que moram nesta casa que Vos foi consagrada.
Amém.

domingo, 14 de maio de 2017

História de uma comunidade: Nossa Senhora Auxiliadora do Campo Alegre

História de uma comunidade: Nossa Senhora Auxiliadora do Campo Alegre
Por Brener Alexandre[1]

O nosso povo é um povo que conta histórias e estórias, a narrativa faz parte da constituição fundamental da nossa cultura. Para explicar a realidade, para ensinar e transmitir valores. Poderíamos ter começado com um “era uma vez”, com um “a muito tempo atrás”, mas eu gostaria de iniciar essa história com um início bastante famoso para nós cristãos católicos. Quero começar como se inicia as narrativas bíblicas, como começa o livro do Atos dos Apóstolos. Porque houve um dia em que Deus suscitou homens e mulheres de bem tocando-lhes o espírito para que formassem em sua vizinhança  uma assembleia reunida.

Naqueles dias, isto é, a 47 anos atrás (1970) Deus inspirou o seu povo e fez nascer no coração de homens e mulheres do bairro Campo Alegre o desejo de se reunir para celebrar o domingo do Senhor, agradecer e louvar a Deus por dar-lhes desejo ardente de servi-lo e de estar com Ele formando nova comunidade de fé.

Havia desde o princípio o lote remanescente do loteamento do nascente bairro Campo Alegre. Dona Luiza Barbosa, dona Iris (do Sr. Américo) e Sr. Raimundo (de dona Rosa) realizaram a limpeza do lote fazendo a capina. O Sr. Raimundo introduziu a cruz marcando o espaço sagrado. E num galpão improvisado o povo de Deus que habitava o conjunto do Campo Alegre se reunia para fazer suas orações em comunidade.

Padre Valdir, era àquela época o vigário paroquial e trouxe de Sabará duas imagens para que a nova comunidade escolhesse o seu padroeiro. Uma das imagens era a do Sagrado Coração de Jesus e a outra a de Maria Auxiliadora. Dona Luiza escolheu a imagem da Virgem Auxiliadora, confiando Maria Santíssima como patrona da comunidade. A Igreja crescia como comunidade de fé graças a Deus que presenteou o seu povo com homens e mulheres de boa vontade. Homens como os senhores Propécio, Raimundo, Américo, e mulheres como dona Iris, Luiza, Pompea, Ana Cunha, Terezinha Barbosa, Conceição Pimenta, Graça e muitas outras pessoas que até hoje contribuem para manutenção da vida comunitária na Igreja de Maria Auxiliadora.

O livro do Atos dos Apóstolos nunca foi concluído. A história das primeiras comunidades cristãs ficou aberta no tempo e nós continuamos a escrevê-la com as nossas vidas como seguidores do Caminho, da Verdade e da Vida. Também a história da comunidade Nossa Senhora Auxiliadora continua a ser escrita na memória e no coração dos membros da comunidade. Deus já chamou dona Luiza e tantos outros membros da comunidade para junto de si, mas chamou muitos outros também pelo nome a continuar o que eles começaram. Alguns como dona Pompea, dona Terezinha e senhor Raimundo que transmitiram aos seus filhos o cuidado para com a comunidade que seus pais começaram. “Tradição” palavra de origem latina que significa entregar, confiar, transmitir. A história da Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora do campo Alegre continua a ser contada na vida de cada um de seus membros dos mais velhos aos mais novos, por pais, mães, avós, filhos, netos. Contada por Antônio, Jorge e Rosely, por Rogéria, Rosana e Edite. Por Nelson, Carlos e Vanessa, Laura, Victor, Sara, Luisa e Anésia. E por todos que embelezam com a sua fé, esperança e caridade alegrando o coração de Deus com sua presença em cada celebração da nossa fé, nas missas, nas pastorais e movimentos que formam de forma visível o corpo invisível do Cristo ressuscitado.



[1] Paroquiano da Paróquia Cristo Operário e membro da comunidade Nossa Senhora Auxiliadora. Texto originalmente publicado no jornal da paróquia Cristo Operário edição de maio/2017

domingo, 23 de abril de 2017

Aos Jovens crismandos

O dia de hoje é muito importante para a Igreja, porque ao receber o sacramento do Crisma no final da tarde de hoje vocês selarão uma belíssima aliança de amor que começou lá no batismo. Quando seus pais e padrinhos assumiram por vocês a fé que queriam lhes transmitir.

Também eu estou muito feliz com vocês e por vocês, porque depois de tudo o que foi feito ao longo deste tempo de preparação, acredito que vocês tenham entendido que o sacramento é uma forma visível deixada por Deus para nos mostrar que ele quer fazer parte da nossa vida.

Queridos jovens, não tenham medo de ser Igreja, de manifestá-la ao mundo por meio da vida de vocês. Façam a diferença na vida das pessoas com as quais vocês se encontrarão nos caminhos da vida! A vida é cheia de encontros e desencontros, de amores e dissabores, mas coragem! Jesus venceu o mundo e nós também venceremos com Ele!

A partir de hoje somos mais do que nunca irmãos, unidos pelos sacramentos da iniciação cristã. A propedêutica da fé termina aqui, mas a caminhada continua e com ela o aprendizado,  no serviço e na vida comunitária, legado dos nossos pais e daqueles que deram sua vida imitando Cristo para que também nós possamos passar adiante a fé que recebemos.

Lembrem-se do que vos ensinei nos últimos dias em que estivemos juntos. Abram seus olhos para o mistério de Deus busquem a luz e sejam luz na vida uns dos outros. Saiam do Sepulcro para a vida nova e não olhem para trás. Tenham coragem, insisto! É preciso ser corajoso quando o mar é arredio e quando tudo parece ruir diante dos nossos olhos. Mas, se abrirem os olhos e se vocês acreditarem que o Senhor pode abrir os seus olhos, vocês irão descobrir a verdadeira beleza deste mundo e nenhuma escuridão os assustará e tampouco os tirará do caminho que escolheram seguir a partir de agora.

Deixo vos o meu abraço fraterno, a minha benção e o meu mais profundo desejo de que vocês sejam verdadeiramente felizes, não com essa felicidade efêmera que o mundo promete, mas a felicidade que dura mesmo quando a lágrima cai e quando não há sorriso, porque  nos encontramos em paz conosco mesmo e conscientes das nossas limitações aspiramos sempre crescer e oferecer o nosso melhor a todos. Espero que nos encontremos nos caminhos da vida para que eu possa ver a luz de Cristo brilhar em vocês!
Deus os abençoe e que a Paz do Senhor esteja sempre com todos vocês!


Brener Alexandre 23/04/2017